O que é Administração
Bem vindo ao curso de administração de empresas. Pretendemos
mostrar a você no período que passaremos juntos, alguns conceitos
aplicados à administração. Nossa matéria será puramente
conceitual. Portanto, a leitura é uma exigência diária.
A palavra administração vem do latim ad (direção, tendência para) e
minister (subordinação ou obediência).
Vários autores definem de diversas maneiras a administração. Uma
definição bem moderna:
Administração é o ato de trabalhar com e através de
pessoas para realizar os objetivos tanto da organização
quanto de seus membros.
Existem três aspectos chaves que devem ser apontados nesta
definição:
! Dá maior ênfase ao elemento humano na organização.
! Focaliza a atenção nos resultados a serem alcançados, isto é,
nos objetivos em vez de nas atividades.
! Incluiu o conceito de que a realização dos objetivos pessoais
de seus membros deve ser integrada à realização dos
objetivos organizacionais.
Ou ainda:
Administração é administrar a ação através das
pessoas com objetivo bem definido
Administração é o processo de planejar, organizar,
dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar
objetivos.
2
Pessoas Planejamento
Informação e conhecimento Organização
Espaço Direção ou coordenação
Tempo Controle
Dinheiro
Instalações
# A partir de hoje você não pode pensar como um executor de
tarefas simplesmente.
# Como administrador você deslocará dos trabalhos
operacionais para o campo da ação.
# Sairá das habilidades práticas de saber fazer certas coisas
corretamente para atividades administrativas, voltadas para o
campo do diagnóstico e da decisão, onde utiliza as
habilidades conceituais de diagnosticar situações, definir e
estabelecer estratégias de ação adequadas.
# Cresce então a necessidade de se fundamentar em
conceitos, valores e teorias que lhe permitam o balizamento
adequado de seu comportamento.
A administração é o processo de tomar e colocar em prática
decisões sobre objetivos e utilização de recursos
objetivos
Recursos Decisões
3
Em vez de preocupar como ensinar a fazer certas coisas - o como –
a teoria da administração ensina que coisas devem ser feitas em
determinadas situações – o porquê. O que diferencia o
administrador de um simples executor é exatamente o fato de que,
enquanto o segundo sabe fazer certas coisas que aprendeu
mecanicamente (planos, organogramas, mapas, registros,
lançamentos etc.), o primeiro sabe analisar e resolver situações
problemáticas variadas e complexas, pois aprendeu a pensar, a
avaliar e a ponderar em termos abstratos, estratégicos, conceituais
e teóricos. O segundo é um mero agente de execução e operação.
O primeiro é um agente de mudança e inovação, pois adquire
habilidade de entender e diagnosticar situações.
A administração não é uma coisa mecânica que dependa de certos
hábitos físicos que devem ser superados ou corrigidos a fim de se
obter o comportamento correto.
Pode-se ensinar o que um administrador deve fazer, mas isto não
irá capacitá-lo efetivamente a fazê-lo em todas as organizações.
O sucesso de um administrador na vida profissional não está
inteiramente relacionado àquilo que lhe foi ensinado, ao seu
brilhantismo acadêmico ou ao seu interesse pessoal em praticar o
que aprendeu nas escolas. Esses aspectos são importantes, porém
estão condicionados a características de personalidade, ao modo
pessoal de agir de cada um. O conhecimento tecnológico da
Administração é importantíssimo, básico e indispensável, mas
depende, sobretudo, da personalidade e do modo de agir do
administrador, ou seja, de suas habilidades.
Há pelo menos três tipos de habilidades necessárias para que o
administrador possa executar eficazmente o processo
administrativo: a habilidade técnica, a humana e a conceitual.
Habilidade técnica: Consiste em utilizar conhecimentos, métodos,
técnicas e equipamentos necessários para a realização de suas
tarefas específicas, através de sua instrução, experiência e
educação.
4
Habilidade humana: Consiste na capacidade e no discernimento
para trabalhar com pessoas, compreender suas atitudes e
motivações e aplicar uma liderança eficaz.
Habilidade conceitual: Consiste na habilidade para compreender
as complexidades da organização global e o ajustamento do
comportamento da pessoa dentro da organização. Esta habilidade
permite que a pessoa se comporte de acordo com os objetivos da
organização total e não apenas de acordo com os objetivos e as
necessidades de seu grupo imediato.
A adequada combinação dessas habilidades varia à medida que um
indivíduo sobe na escala hierárquica, de posições de supervisão a
posições de alta direção.
Níveis administrativos Habilidades necessárias
Institucional Alta direção
Intermediário Gerência
Operacional Supervisão
Porque estudar administração
1. Embora o processo administrativo seja importante em qualquer
contexto de utilização de recursos, a razão principal para
estudá-la é seu reflexo sobre o desempenho das organizações.
2. O principal motivo para a existência das organizações é o fato
de que certos objetivos só podem ser alcançados por meio da
ação coordenada de grupos de pessoas.
Conceituais
Humanas
Técnicas
5
3. Na atualidade, as organizações assumiram importância sem
precedentes na sociedade e na vida das pessoas.
Tente fazer uma lista das organizações com as quais você está
envolvido ou se relaciona de alguma forma. Da empresa onde você
trabalha ao supermercado, da fábrica de seu carro à
concessionária, da prefeitura à companhia de eletricidade, da
telefônica ao sindicato de sua categoria profissional, a lista parece
interminável. Há poucos aspectos da sua vida que não sejam
influenciados por alguma espécie de organização. A sociedade
moderna é uma sociedade organizacional, em contraste com as
sociedades comunitárias do passado.
É dramático o impacto do mau funcionamento de uma organização
de grande porte sobre a sociedade.
Considere por exemplo a quebra de um banco, como aconteceu
com o Econômico em 1995. Funcionários perdem o emprego e
contribuintes são obrigados a arcar com as conseqüências.
6
Pense numa cidade inundada e você vai lembrar-se da Prefeitura,
pense em pessoas despreparadas, e você vai lembra-se do baixo
nível da educação, pense na necessidade de pagar planos de
saúde ou pensão, ou nas filas nos hospitais públicos, e você vai
lembrar-se do governo que não trabalha como deveria.
Muitos problemas que você enfrenta têm sua origem na inexistência
ou ineficiência de algum tipo de organização.
Organizações bem administradas são importantes por causa desse
impacto sobre a qualidade de vida da sociedade.
Administradores bem preparados, portanto, são recursos sociais
importantes.
Essa predominância das organizações e sua importância para a
sociedade moderna bem como a necessidade de administradores
competentes está na base do desenvolvimento da teoria geral da
administração.
A administração é praticada desde que existem os primeiros
agrupamentos humanos. A moderna teoria geral da administração,
que se estuda hoje é formada por conceitos que surgiram e vêm-se
aprimorando há muito tempo, desde que os administradores do
passado enfrentaram problemas práticos e precisaram de técnicas
para resolvê-los. Por exemplo, a Bíblia relata que Moisés estava
passando o dia cuidando de pequenas causas que o povo lhe
trazia. Então Jetro recomendou: procure homens capazes para
serem líderes de 10, 100 e 1.000. Este conselho foi dado a Moisés
cerca de 3.500 anos atras. É tão antigo e continua atual.
Já no século XXI, a administração e as organizações estão
sofrendo grandes transformações, As empresas privadas, em
particular, operam dentro de um contexto extremamente competitivo
e precisam aprimorar continuamente sua eficiência: fazer mais, com
menor quantidade de recursos.
Aumenta a importância da Administração empreendedora: o
movimento que procura estimular as pessoas a serem seus próprios
patrões. Além disso, a idéia de administração participativa ganha
muito espaço com essa tendência, pois é preciso educar
funcionários operacionais para serem seus próprios gerentes
mais informações acesse este site e este autor,
http://www.professorcezar.adm.br/Textos/O%20que%20e%20administracao.pdf
Assuntos acadêmicos, concursos, entretenimento,vestibulares, comportamento, dúvidas sobre educação e motivação no trabalho, palestras e artigos sobre inteligencia emocional, superação e qualidade de vida. Artigos e assuntos que não são do Prof Clayton, são responsabilidade dos autores e idealizadores. O blog é apenas o intermediário, vale só como sugestão! O blog não tem objetivo financeiro, apenas informativo. E Na defesa dos pobres animais e ação social.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Morar fora beneficia desenvolvimento da criança desde cedo
Morar fora beneficia desenvolvimento da criança desde cedo
Com atenção redobrada dos pais e timidez dos filhos deixada de lado, viver em outro país é vantajoso para formação da personalidade
Renata Losso, especial para o iG São Paulo
05/06/2011 08:57
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Foto: Randes Nunes da Cunha/Fotoarena Ampliar
Dario e a mãe ao lado de recordações da Austrália: lição de perseverança
A publicitária Lia D’Amico tinha oito anos quando, durante um almoço em família, foi questionada pelo pai sobre o que achava de morar nos Estados Unidos. Sem saber muito bem o que aquilo significava, perguntou: “O que as pessoas comem lá?”. Ainda hoje, aos 24 anos, lembra muito bem a resposta: “Ele me disse que tinha McDonald’s, então eu topei”. A ideia era passar três meses fora do país. Mas a experiência de viver na cidade de Boston com a família acabou se prolongando por dois anos, e a vida em inglês – e com neve – trouxe muitos benefícios para Lia, embora a volta ao Brasil tenha sido mais difícil do que se poderia imaginar.
Leia também: parto pelo mundo
Passar pela experiência de viver em outro país durante a infância ou adolescência é, sem dúvida, uma ótima oportunidade para ampliar os horizontes. Segundo a psicóloga e psicopedagoga Vera Lotufo Belardi, da Unifesp, a experiência não somente trará pontos positivos, como aprender um novo idioma e conhecer uma cultura diferente, mas também um grande desafio: conseguir se adaptar socialmente ao novo país. Quanto mais nova a criança for, mais facilmente ela vai cumprir este objetivo. “A adolescência envolve uma questão de enraizamento no grupo de amigos que já existe, mas desde que os pais expliquem as razões para a mudança e o filho entenda, só há benefícios”, afirma Vera.
Foto: Randes Nunes da Cunha/Fotoarena Ampliar
Dario e os irmãos uniformizados para ir à escola na Austrália
No caso de Lia, a mudança da família foi motivada pela empresa em que o pai trabalhava na época. Já para a cartorária Luciana Franco de Castro, de Goiânia, 49 anos, a decisão de ir para a Austrália com o marido e os três filhos em 2004 foi tomada por outra razão: “Nós queríamos ficar mais perto dos meninos e dar a eles a oportunidade de estudar, mesmo que por um tempo determinado, numa escola de primeiro mundo”. Os meninos são Danilo, Davi e Dario, que tinham 14, 12 e oito anos na época. Além disso, Luciana e o marido queriam mostrar aos filhos que eles poderiam conquistar o que quisessem, bastava querer. A Austrália foi o destino escolhido por ser bem distante do Brasil – mas, ao mesmo tempo, ter um clima parecido.
Não foi difícil convencê-los a topar a experiência. “Eles ficaram bem animados, e nenhum quis desistir da ideia”, afirma Luciana. Eles sabiam desde o começo que estariam de volta ao Brasil – e à mesma escola – em seis meses. Para ela, isso facilitou a aceitação da viagem. Mas chegando lá, quem ficou mais assustado foi Dario, o caçula. “O Dario não sabia nada de inglês, por isso logo no primeiro dia de aula ele chorou bastante”. O nervosismo, porém, durou três dias. Logo depois ele começou a se acostumar e teve muita facilidade: “Mesmo não falando nada no começo, ele era o mais extrovertido dos três, então soube se virar bem na escola”.
A segurança das crianças menores para encarar a nova vida em um país estrangeiro está baseada no pai e na mãe, já que até por volta dos cinco anos elas não entendem muito bem o que está acontecendo. “Levar algo de que elas gostem muito pode ajudá-las a se sentirem mais tranquilas”, diz Glória Varella, diretora pedagógica da escola Kid’s Time, em São Paulo. A partir dos sete anos, elas já entendem o contexto familiar. Com isso, muitas conversas devem entrar na pauta. Adolescentes e pré-adolescentes podem oferecer resistência maior a mudanças. As amizades já cultivadas são os principais motivos para a rejeição da ideia de uma viagem.
Foto: Arquivo pessoal Ampliar
Fábio Cardelli na escola em Londres, o segundo depois do professor: aos sete anos, só sabia
Timidez e enfrentamento
Segundo Marina Vasconcellos, psicóloga e terapeuta familiar da PUC-SP, crianças muito tímidas correm o risco de sofrerem caladas com as dificuldades e não conseguirem se expressar no novo idioma por medo de errar. “É uma fase de enfrentar o desconhecido e, para isso, não pode deixar as incertezas atrapalharem”, diz. O apoio familiar, portanto, é fundamental para as crianças não se fecharem socialmente diante das dificuldades. Um exemplo é o músico Fábio Cardelli, de 26 anos. Quando foi com a família para Londres, em 1992, teve bastante ajuda dos pais para se adaptar.
Ele tinha sete anos e do inglês só sabia duas palavras: “yes” e “no” (“sim” e “não”). “O primeiro mês foi uma terapia de choque: eu não sabia nada do idioma e era bem tímido, então tive que aprender na marra”, diz. O uso de gestos no início da convivência escolar foi essencial. Mas em aproximadamente três meses Fábio já sabia o inglês muito bem: “Foi como aprender a andar de bicicleta, até hoje eu sou naturalmente fluente”. A família ajudou bastante neste período. A mãe dava aulas de inglês em casa e todos passeavam muito pela cidade. “Meus pais sempre nos levavam para conhecer museus e parques de Londres, o que me ajudou a me identificar e desenvolver com o local”.
Aprender uma língua estrangeira morando fora pode ser uma terapia de choque, mas é a melhor maneira de realmente aprendê-la. Segundo Glória, estudar pelo menos um pouco antes de viajar já ajuda a se sentir mais seguro na hora H. O resto é questão de tempo. “Mas os pais devem estar muito presentes na vida delas”, diz.
Foto: Arquivo pessoal Ampliar
Guilherme entre o irmão mais velho e a mãe: participação no time de futebol da escola norte-americana
Os pais do publicitário Guilherme Merlino, de 25 anos, também colaboraram bastante para a adaptação em Ann Arbor, uma pequena cidade perto de Detroit, em Michigan, nos Estados Unidos. Ele também tinha sete anos na época, em 1993, e o pai tinha sido expatriado. A vida lá acabou durando três anos para a família, mas o começo foi bem difícil para Guilherme: “Era uma cultura muito diferente, a escola era integral e rígida, então meu pai me buscava na escola todos os dias durante o recreio para almoçarmos juntos”.
Quando começou a entender melhor o inglês, Guilherme passou a se enturmar. No entanto, os pais permaneciam muito presentes sempre. A mãe dele, por exemplo, trabalhava voluntariamente na biblioteca da escola. “Eles colaboraram para que eu me adaptasse da melhor maneira, sem me sentir sufocado. Eu os procurava quando precisasse”, conta. No final das contas, Guilherme se adaptou tão bem ao local que entrou para o time futebol da escola – e também do Estado – e voltou ao Brasil falando português com sotaque norte-americano.
Foto: Arquivo pessoal Ampliar
Lia e uma prima esquiando: voltar foi mais difícil do que ir
Cidadãos do mundo
A duração da jornada fora do país influencia – e muito – na readaptação ao voltar para a casa. “Às vezes as crianças se adaptam tão bem que não querem mais voltar”, diz a psicóloga Vera Lotufo Belardi. Foi o caso de Lia. “Eu já estava um pouco mais velha e era mais apegada aos amigos que fiz lá. Quando voltei, eu era muito diferente das outras crianças: virei a menina esquisita da escola, um extraterrestre”, conta.
Para Guilherme, depois de três anos nos Estados Unidos, a volta também foi bem complicada. Além das dificuldades de readaptação, ele foi alfabetizado em inglês e perdeu três anos do aprendizado da língua portuguesa. “Fiquei sem base, demorei muito para me recuperar e tive até que fazer aulas particulares”. Mesmo assim, ele não duvida que a experiência tenha valido a pena.
Lia tampouco hesita em reconhecer a importância da experiência de viver em outro país, ainda muito cedo, na formação de sua personalidade hoje: “Quando meus pais não estavam por perto, eu precisava me virar e me abrir para outra cultura”. Para Luciana, a experiência de seis meses na Austrália deu maior segurança aos filhos e os fez perceber que, tentando o que se quer, é sempre possível conseguir. “Hoje eles têm facilidade para enfrentar qualquer problema”, diz. Os dois filhos mais velhos, por exemplo, já saíram de casa para estudar em outras cidades.
A diretora pedagógica Glória Varella assina embaixo: “a criança volta mais amadurecida mesmo”. E vai além. Para Fábio Cardelli, a experiência fez ver as diferenças entre as pessoas com maior naturalidade. “Hoje eu me sinto mais cidadão do mundo”.
Leia mais
http://delas.ig.com.br/filhos/morar+fora+beneficia+desenvolvimento+da+crianca+desde+cedo/n1596998056207.html
Com atenção redobrada dos pais e timidez dos filhos deixada de lado, viver em outro país é vantajoso para formação da personalidade
Renata Losso, especial para o iG São Paulo
05/06/2011 08:57
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Foto: Randes Nunes da Cunha/Fotoarena Ampliar
Dario e a mãe ao lado de recordações da Austrália: lição de perseverança
A publicitária Lia D’Amico tinha oito anos quando, durante um almoço em família, foi questionada pelo pai sobre o que achava de morar nos Estados Unidos. Sem saber muito bem o que aquilo significava, perguntou: “O que as pessoas comem lá?”. Ainda hoje, aos 24 anos, lembra muito bem a resposta: “Ele me disse que tinha McDonald’s, então eu topei”. A ideia era passar três meses fora do país. Mas a experiência de viver na cidade de Boston com a família acabou se prolongando por dois anos, e a vida em inglês – e com neve – trouxe muitos benefícios para Lia, embora a volta ao Brasil tenha sido mais difícil do que se poderia imaginar.
Leia também: parto pelo mundo
Passar pela experiência de viver em outro país durante a infância ou adolescência é, sem dúvida, uma ótima oportunidade para ampliar os horizontes. Segundo a psicóloga e psicopedagoga Vera Lotufo Belardi, da Unifesp, a experiência não somente trará pontos positivos, como aprender um novo idioma e conhecer uma cultura diferente, mas também um grande desafio: conseguir se adaptar socialmente ao novo país. Quanto mais nova a criança for, mais facilmente ela vai cumprir este objetivo. “A adolescência envolve uma questão de enraizamento no grupo de amigos que já existe, mas desde que os pais expliquem as razões para a mudança e o filho entenda, só há benefícios”, afirma Vera.
Foto: Randes Nunes da Cunha/Fotoarena Ampliar
Dario e os irmãos uniformizados para ir à escola na Austrália
No caso de Lia, a mudança da família foi motivada pela empresa em que o pai trabalhava na época. Já para a cartorária Luciana Franco de Castro, de Goiânia, 49 anos, a decisão de ir para a Austrália com o marido e os três filhos em 2004 foi tomada por outra razão: “Nós queríamos ficar mais perto dos meninos e dar a eles a oportunidade de estudar, mesmo que por um tempo determinado, numa escola de primeiro mundo”. Os meninos são Danilo, Davi e Dario, que tinham 14, 12 e oito anos na época. Além disso, Luciana e o marido queriam mostrar aos filhos que eles poderiam conquistar o que quisessem, bastava querer. A Austrália foi o destino escolhido por ser bem distante do Brasil – mas, ao mesmo tempo, ter um clima parecido.
Não foi difícil convencê-los a topar a experiência. “Eles ficaram bem animados, e nenhum quis desistir da ideia”, afirma Luciana. Eles sabiam desde o começo que estariam de volta ao Brasil – e à mesma escola – em seis meses. Para ela, isso facilitou a aceitação da viagem. Mas chegando lá, quem ficou mais assustado foi Dario, o caçula. “O Dario não sabia nada de inglês, por isso logo no primeiro dia de aula ele chorou bastante”. O nervosismo, porém, durou três dias. Logo depois ele começou a se acostumar e teve muita facilidade: “Mesmo não falando nada no começo, ele era o mais extrovertido dos três, então soube se virar bem na escola”.
A segurança das crianças menores para encarar a nova vida em um país estrangeiro está baseada no pai e na mãe, já que até por volta dos cinco anos elas não entendem muito bem o que está acontecendo. “Levar algo de que elas gostem muito pode ajudá-las a se sentirem mais tranquilas”, diz Glória Varella, diretora pedagógica da escola Kid’s Time, em São Paulo. A partir dos sete anos, elas já entendem o contexto familiar. Com isso, muitas conversas devem entrar na pauta. Adolescentes e pré-adolescentes podem oferecer resistência maior a mudanças. As amizades já cultivadas são os principais motivos para a rejeição da ideia de uma viagem.
Foto: Arquivo pessoal Ampliar
Fábio Cardelli na escola em Londres, o segundo depois do professor: aos sete anos, só sabia
Timidez e enfrentamento
Segundo Marina Vasconcellos, psicóloga e terapeuta familiar da PUC-SP, crianças muito tímidas correm o risco de sofrerem caladas com as dificuldades e não conseguirem se expressar no novo idioma por medo de errar. “É uma fase de enfrentar o desconhecido e, para isso, não pode deixar as incertezas atrapalharem”, diz. O apoio familiar, portanto, é fundamental para as crianças não se fecharem socialmente diante das dificuldades. Um exemplo é o músico Fábio Cardelli, de 26 anos. Quando foi com a família para Londres, em 1992, teve bastante ajuda dos pais para se adaptar.
Ele tinha sete anos e do inglês só sabia duas palavras: “yes” e “no” (“sim” e “não”). “O primeiro mês foi uma terapia de choque: eu não sabia nada do idioma e era bem tímido, então tive que aprender na marra”, diz. O uso de gestos no início da convivência escolar foi essencial. Mas em aproximadamente três meses Fábio já sabia o inglês muito bem: “Foi como aprender a andar de bicicleta, até hoje eu sou naturalmente fluente”. A família ajudou bastante neste período. A mãe dava aulas de inglês em casa e todos passeavam muito pela cidade. “Meus pais sempre nos levavam para conhecer museus e parques de Londres, o que me ajudou a me identificar e desenvolver com o local”.
Aprender uma língua estrangeira morando fora pode ser uma terapia de choque, mas é a melhor maneira de realmente aprendê-la. Segundo Glória, estudar pelo menos um pouco antes de viajar já ajuda a se sentir mais seguro na hora H. O resto é questão de tempo. “Mas os pais devem estar muito presentes na vida delas”, diz.
Foto: Arquivo pessoal Ampliar
Guilherme entre o irmão mais velho e a mãe: participação no time de futebol da escola norte-americana
Os pais do publicitário Guilherme Merlino, de 25 anos, também colaboraram bastante para a adaptação em Ann Arbor, uma pequena cidade perto de Detroit, em Michigan, nos Estados Unidos. Ele também tinha sete anos na época, em 1993, e o pai tinha sido expatriado. A vida lá acabou durando três anos para a família, mas o começo foi bem difícil para Guilherme: “Era uma cultura muito diferente, a escola era integral e rígida, então meu pai me buscava na escola todos os dias durante o recreio para almoçarmos juntos”.
Quando começou a entender melhor o inglês, Guilherme passou a se enturmar. No entanto, os pais permaneciam muito presentes sempre. A mãe dele, por exemplo, trabalhava voluntariamente na biblioteca da escola. “Eles colaboraram para que eu me adaptasse da melhor maneira, sem me sentir sufocado. Eu os procurava quando precisasse”, conta. No final das contas, Guilherme se adaptou tão bem ao local que entrou para o time futebol da escola – e também do Estado – e voltou ao Brasil falando português com sotaque norte-americano.
Foto: Arquivo pessoal Ampliar
Lia e uma prima esquiando: voltar foi mais difícil do que ir
Cidadãos do mundo
A duração da jornada fora do país influencia – e muito – na readaptação ao voltar para a casa. “Às vezes as crianças se adaptam tão bem que não querem mais voltar”, diz a psicóloga Vera Lotufo Belardi. Foi o caso de Lia. “Eu já estava um pouco mais velha e era mais apegada aos amigos que fiz lá. Quando voltei, eu era muito diferente das outras crianças: virei a menina esquisita da escola, um extraterrestre”, conta.
Para Guilherme, depois de três anos nos Estados Unidos, a volta também foi bem complicada. Além das dificuldades de readaptação, ele foi alfabetizado em inglês e perdeu três anos do aprendizado da língua portuguesa. “Fiquei sem base, demorei muito para me recuperar e tive até que fazer aulas particulares”. Mesmo assim, ele não duvida que a experiência tenha valido a pena.
Lia tampouco hesita em reconhecer a importância da experiência de viver em outro país, ainda muito cedo, na formação de sua personalidade hoje: “Quando meus pais não estavam por perto, eu precisava me virar e me abrir para outra cultura”. Para Luciana, a experiência de seis meses na Austrália deu maior segurança aos filhos e os fez perceber que, tentando o que se quer, é sempre possível conseguir. “Hoje eles têm facilidade para enfrentar qualquer problema”, diz. Os dois filhos mais velhos, por exemplo, já saíram de casa para estudar em outras cidades.
A diretora pedagógica Glória Varella assina embaixo: “a criança volta mais amadurecida mesmo”. E vai além. Para Fábio Cardelli, a experiência fez ver as diferenças entre as pessoas com maior naturalidade. “Hoje eu me sinto mais cidadão do mundo”.
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