segunda-feira, 4 de julho de 2011

Do ensino público na periferia à disputa por Harvard, Yale e MIT

Do ensino público na periferia à disputa por Harvard, Yale e MIT


Como Dejanir Silva, cujos pais sequer completaram o ensino médio, 70% dos brasileiros que trabalham estão subindo de classe social

Ilton Caldeira, iG São Paulo
04/07/2011 05:30

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Nada menos do que sete, em cada dez brasileiros que trabalham, estão melhorando de vida e subindo de classe social. É o que mostra a pesquisa do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp/Uerj): o percentual, de exatos 67,8% da população economicamente ativa em ascensão, é o mais alto desde que o indicador de estratificação social foi criado, na década de 1970.



Parece exagero? Pois há dez anos, Dejanir Henrique Silva, à época com 17 anos, tinha cerca de 12 vezes menos chances de vir a tornar-se um profissional com boa formação e subir na vida, quando comparado a estudantes das classes A e B. Filho de pais que não haviam sequer concluído o ensino médio, Dejanir nasceu na região do Vale do Paraíba, interior de São Paulo, e foi criado em Mauá, cidade operária na grande São Paulo. Cursou ensino médio e fundamental em escolas públicas de Mauá e Santo André mas, ao invés de completar sua formação numa faculdade privada de segunda linha, acabou sendo aprovado em nada menos que nove ícones do ensino mundial como as universidades americanas de Yale, Columbia, Chicago, Stanford, Harvard e Massachusetts Institute of Technology (MIT).





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Depois de conhecer os campi, com recursos das próprias universidades que se reuniram num pool para bancar a viagem, ele se decidiu. No fim do mês, Dejanir se muda para Boston, nos Estados Unidos, e dá inicio a um novo capítulo em sua vida, cursando o programa de doutorado de cinco anos do MIT, um dos mais respeitados centros mundiais de educação e desenvolvimento de pesquisas em várias áreas do conhecimento.





Foto: Greg Salibian/iG

O mestre em Economia, Dejanir Henrique Silva, de 27 anos: da escola pública em Mauá, na grande São Paulo, para o doutorado no MIT, nos Estados Unidos

Ao contrário do que pode parecer, no entanto, Dejanir não é um gênio, daqueles que nascem abençoados por uma inteligência muitíssimo superior à média. Ele chegou a tirar zero numa prova de matemática e foi reprovado no vestibular. Mas sabia que sua chance de mudar de vida estava na educação. E insistiu.



Segundo ele, sua mãe, Zuleide da Silva, de 52 anos, sempre o incentivou a ler, o que despertou a curiosidade para adquirir mais conhecimento. Hábito de leitura adquirido, Dejanir se interessou por publicações de ficção científica. “Foi o primeiro passo para eu gostar da área de Ciências e, consequentemente, por Física”, lembra.



Para seguir um caminho profissional e ter algum futuro nessa área, entretanto, ele sabia que teria de dominar a matemática. Depois de tirar algumas notas baixas, incluindo um zero, no fim do ensino médio, Dejanir aprofundou sozinho seu conhecimento em matemática pelo método japonês Kumon, no qual o aluno exercita o raciocínio lógico.





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Prestou vestibular pela primeira vez para Física em três universidades públicas: Unicamp, Unesp e USP. Não conseguiu ser aprovado em Física, mas sim na segunda opção, Matemática, na Unicamp. Mas não fez o curso. “Não tinha como me sustentar em Campinas e já estava com interesse em Economia", diz. "Gosto muito de exatas, mas também de história, filosofia e estudos relacionados mais com a sociedade.”



Passou o ano seguinte conciliando o trabalho como escriturário em um banco com os estudos nas horas vagas e prestou novamente vestibular em Economia, na USP. Foi, então, aprovado. “Nunca pensei em chegar onde estou agora. Mas já no ensino médio comecei a ver que se quisesse fazer um curso superior teria que tentar algo em universidades públicas”, diz Dejanir, futuro PhD em Economia. “Era a única chance. Coloquei na minha cabeça: ou dou uma virada na vida, ou não vou chegar a lugar algum.”



http://economia.ig.com.br/do+ensino+publico+na+periferia+a+disputa+por+harvard+yale+e+mit/n1597058594479.html

Um comentário:

  1. Mais um exemplo de com muito esforço e sacrificio, de quem quer consegue! Um exemplo a ser seguido!

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Não deixe que pequenos trechos negativos da vida a atrapalhem toda sua felicidade.